sábado, 14 de dezembro de 2013

“Beyoncé é perfeita, então ninguém mais tem que ser”, diz o jornal The New York Times

Abaixo, a crítica do jornal The New York Times para o novo álbum homônimo de Beyoncé. A tradução e adaptação é de Roberta Lessa, da nossa equipe.
Beyoncé é perfeita, então ninguém mais tem que ser.
Fotos promocionais do quinto álbum de Beyoncé (7)
Esse é o tema de seu soberbo quinto álbum de estúdio, “Beyoncé” (Parkwood Entertainment/Columbia), que chega a nós numa combinação de música e divulgação. As músicas são quentes e elegantes, cheias de elementos eróticos e vocais sedutores; de vez em quando, para variar, eles se tornam vulneráveis, apaixonados ou feministas. Com as músicas e os vídeos, Beyoncé consolida uma das personas mais equilibradas do pop; ela é, de uma vez só, glamourosa e caseira, carnal e doce, elegante e humana. “Por baixo do rosto bonito há algo complicado,” ela canta em “No Angel”.
“Beyoncé” apareceu de repente na iTunes music store sem nenhum tipo de aviso – apesar de ter dado o que falar depois do lançamento – à meia-noite dessa sexta. Essa é a mais nova ocorrência de uma estratégia já usada esse ano por David Bowie e My Bloody Valentine, que também lançaram álbuns sem anunciá-los e sem nenhum tipo de aviso. É claro, Beyoncé foi mais além: “Beyoncé” inclui vídeos elaborados para todas as músicas, muitos feitos em locações diferentes, como França, Brasil e Austrália – enquanto a multitarefa Beyoncé passeava pelo mundo com sua turnê “Mrs. Carter Show”. (A turnê volta ao Barclays Center nos dias 19 e 22 de dezembro.)
Ela só precisou de um pronunciamento no Instagram para atrair atenção internacional, e o álbum imediatamente se tornou #1 no iTunes de 90 países. Não era segredo que ela já vinha trabalhando no álbum há muito tempo, o primeiro desde “4″, de 2011. E foi lançado quase nos 45 do segundo tempo para a lucrativa temporada de vendas de Natal.
Mas Beyoncé transformou o atraso em uma forma de vender. Ao não fabricar discos físicos até que o álbum fosse lançado online – eles estarão nas lojas antes do Natal – a gravadora evitou os vazamentos que geralmente acontecem entre a fabricação e a distribuição. Muito bem feito.
Em um ano lotado de campanhas de marketing para álbuns que se mostraram decepções – entre eles “Magna Carta… Holy Grail”, do marido de Beyoncé, Jay-Z – “Beyoncé” deve sobreviver ao falatório inicial. As músicas estão ligados à sonoridade atual das boates e das rádios, mas não aprisionadas a isso; os refrões são concisos e diretos, mas o que acontece entre eles não segue uma fórmula. Beyoncé construiu as músicas com um exército de colaboradores, todos cientes de como aproveitar a voz suave e espirituosa dela.
Depois dos estilos variantes de “4″, Beyoncé escolheu se ater ao R&B altamente eletrônico. Ela trabalhou com hitmakers de longa data – Pharell Williams, Timbaland, The-Dream, Justin Timberlake – e os relativamente novatos como Hit-Boy e Boots. Na maior parte do tempo, eles fornecem a ela os meios para a sedução: particularmente em “Rocket”, uma provocação super lenta que soa como Prince (aliás, os fãs de Prince, Miguel e Mr. Timberlake estão entre os compositores), enquanto as harmonias florescem ao entorno do vocal murmurado de Beyoncé.
A ainda mais explícita “Partition”, que mostra sexo em uma limousine, tem um pulso de sintetizador esparso antes do refrão suspirado. “Superpower”, uma promessa de um amor durador que é um dueto com Frank Ocean, dá uma sensação futurística ao doo-wop, enquanto os vocais se tornam graves e enfumaçados. “Jealous” – sobre promessas, suspeita e vingança em potencial – se torna um hino acusatório.
Mas Beyoncé também oferece solidariedade além de romance. “Heaven” é uma música de luto, que oferece conforto: “O Paraíso mal podia esperar por você / Então vá em frente, vá para casa”; será ouvido em funerais nos próximos anos. “Flawless” mistura autobiografia – “Demorei um tempo para viver minha vida do meu jeito / mas não ache que sou apenas a esposinha dele” – com um discurso feminista da escritora nigeriana Chumamanda Ngozi Adichie.
A primeira faixa do álbum, “Pretty Hurts”, escrita com Sia Furler, denuncia “sorrisos de plástico” e avisa “É a alma que precisa de cirurgia”. O vídeo mostra competidoras de concursos de beleza passando por momentos de estresse nos bastidores e, através do álbum, os vídeos e os áudios nos lembram que Beyoncé é uma performer e uma competidora desde a infância.
“Flawless” começa e termina com um concurso de talentos na televisão do qual Beyoncé participou com seu grupo infantil Girls Tyme e perdeu (o que nos leva a perguntar onde estão os vencedores hoje em dia). Enquanto a maioria dos vídeos mostram Beyoncé em roupas elaboradas de designers, com dançarinos e atores, ela também aparece entre pessoas comuns em Coney Island, no Brasil e em rinque de patinação em Houston.
O álbum inclui um vídeo de “Grown Woman” – uma música que apareceu em um comercial da Pepsi no início do ano – que justapõe imagens da Beyoncé crescida, rica e com bebida na mão, com imagens granuladas de seus primeiros anos como performer: ansiosa, sorridente, esforçada. Superestrela e lutadora, ela alcança seus feitos sem esquecer seu começo humilde, e “Beyoncé” torna isso crível.
Original em http://www.nytimes.com/2013/12/14/arts/music/beyonces-new-album-is-steamy-and-sleek.html?smid=fb-share

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